segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Bate Papo

Hoje eu parei pra pensar na minha “descoberta” sexual, coloco entre aspas porque na verdade eu não descobri nada! Apenas deixei existir algo que dentro de mim já era vivo!

Eu não joguei futebol e não brinquei de bonecas, não olhei pros pintinhos dos meninos, muito menos pras xoxotinhas das meninas. Fui uma criança da forma mais pura que poderia ter sido.

Depois, namorei garotas e na época era bom (horas gente, eu não tinha outro parâmetro pra comparar- risos). Até que surgiu o primeiro amor gay.

Lembro que na época, com os olhos cheios d’água eu disse: “mãe, desculpa por eu ser gay”. Se eu tivesse que bater aquele papo novamente com ela, eu mudaria essa frase e diria: mãe supera essa, você tem um filho gay (risos).

Engraçado que o meu pavor estava completamente ligado ao que as outras pessoas iriam pensar e nas expectativas que faziam em mim, talvez por falta de maturidade. É impossível saber o sabor da maçã sem antes prová-la, da mesma forma como contar a respeito da sua sexualidade sem mesmo saber como ela se encaixa na sua vida!

Lembro também que minha mãe com os olhos represados me respondeu: “eu já sabia, só estava esperando você me contar” Acho que se ela tivesse que me falar algo desse tipo novamente, iria dizer: Marcos, conta uma novidade! (muitos risos).

No meu caso tudo se deu de forma muito simples e tranqüila, tirando os três dias onde ninguém se falou dentro de casa, o restante foi naturalmente se encaixando!

Descobrir-se gay não muda tantas coisas assim, meu parâmetro e ideal de família continua o mesmo, com a diferença que meu filho terá dois pais.

Porem, ser gay te põem de um lado da sociedade, onde fica fácil visualizar o quanto as pessoas se preocupam com pequenezas e com coisas que,pouco ou nada, irão influenciar em seus cotidianos!

Engraçado que depois que você se posiciona a respeito, as opiniões dos outros perdem completamente a importância e você passa a viver melhor, porque quando não se assume (e assumir é pessoal e não coletivo), você se divide em dois, e nesse caso, “dois” não participam dos mesmos desejos!

Se eu tivesse que conversar com aquele Marcos do passado, eu diria que ele seria um gay maravilhoso! Porque ser gay influenciaria no Homem que ele iria se tornar!

Tenho orgulho de quem sou e não do que sou, encaro a homossexualidade mais como uma característica do que como um adjetivo que me qualifica!

E de verdade..., depois de me entender e me posicionar , as coisas ficaram muito mais simples e o que antes era pesado, passou a ser estrutura !


Marcos Santiago

2 comentários:

  1. Essa é uma das várias coisas que admiro em você!
    Sua coragem, sua verdade, sua posição perante a vida me faz enxergar um homem que merece aplausos de pé!
    Parabéns por ser quem és Marquinhos...

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  2. Concordo com o "e assumir é pessoal e não coletivo". Não é e nem tem que ser compulsório!

    Não acho que precisamos carregar uma bandeira para sermos felizes, mas sei que só podemos ser hoje por que muitos carregaram antes essa bandeira!

    Não tem formula, né?!

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